quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Como era um bordel na Roma Antiga?

Os bordeis eram conhecidos como lupanares na Roma Antiga. Achou curioso o nome do local onde era exercido o ofício sexual? Lupanares vem do latim lupa, que significa lobo. Sugestivo, não? Mas, ao que parece, o nome tem outra origem. Na Roma Antiga, havia uma festa religiosa em homenagem ao deus Lupercus, as Lupercales, na qual mulheres prostituíam-se para os sacerdotes, o luperci, como eram conhecidos.

Mas vamos direto ao bordel da Roma Antiga, onde homens e mulheres atendiam os clientes (homens) da época. Para entender como era esse estabelecimento, é preciso considerar como era a cultura e a sexualidade da época. “Nosso atual pudor e vergonha por alguns temas, como o sexo, está embutido em nossas mentes por educação judaica e cristã, que recebemos desde pequenos e que algumas pessoas mais idosas ainda ensinam. Mas, na sociedade greco-romana, o conceito de “pecado” e “homossexual” não existiam, nem se contempla como atentado moral a pederastia ou qualquer outra forma de prazer sexual. Por isso, não podemos nos escandalizar de que nos lupanares podiam-se encontrar meninos e meninas de qualquer idade a serviço de todo tipo de cliente. O importante não era com quem você dormia, mas o papel que desempenhava na relação, ativo ou passivo”, escreveu o historiador Jans Sanz.

Um dos bordeis mais conhecidos da Roma Antiga é o de Pompeia. A casa ficava a duas quadras da principal rua da cidade e tinha dois andares. O de cima era reservado para os caras com mais poder aquisitivo e, o debaixo, mais modesto, era para os demais e contava com cinco fornices, como eram conhecidos os quartos das prostitutas. Um detalhe engraçado: na porta de cada fornices, pinturas na parede indicavam a especialidade da profissional daquele cômodo. Era uma forma de ninguém reclamar que comprou gato por lebre…

A seguir, alguns trechos do livro Valentia, Las memorias de Caio Antonio Naso (sem tradução para o Português), livro de Gabriel Castello Alonso. Percorrendo diferentes espaços e épocas da história europeia, uma das narrativas é sobre a narração da ida de um grupo de jovens a um prostíbulo romano no século 1 a.C.

“Agora, nunca poderei dizer que não estive em um lupanar [prostíbulo romano]. Em troca, ficou marcada a primeira vez em que fiquei sozinho com uma mulher. Foi logo após o primeiro e desastroso convite. Essa angústia passou. Em uma tarde preguiçosa de verão, nos reunimos à sombra dos arcos do Fórum meu amigo Libieno, Emilio e eu com meu irmão Lúcio e um de seus amigos na cidade, um homem chamado Publius Quintilio Albo, um filho loiro de gauleses imigrantes. De qualquer forma, meu irmão e seu colega nos convenceram de que deveríamos ir juntos a um bordel fora das muralhas. Aquele famoso bordel estava perto da ponte de moinho e era uma casa de muito má reputação em círculos sociais valentinos. Sua notoriedade era má, porque mais do que um juiz era cliente regular. Era uma grande fachada, sem janelas, e um portão com um olho mágico, no meio de um bosque de acelga e alface. Depois de meu irmão tocar duas vezes a porta e dizer a coisa ininteligível ao escravo que espiou pela janela, as dobradiças da porta rangeram baixinhas e passamos ao prostíbulo. [...]

Neste instante, saiu de vários cantos dos quartos adjacentes uma variedade grande de meninas e meninos. Dessas, umas muito jovens e outras já maduras, iam vestidos com roupas de finíssimos tecidos, estavam maquiadas com todos os tipos de bálsamos exóticos e algumas outras tinham tingido o cabelo com pasta de sebo e cinzas. Aqueles insinuantes e sugestivos vestidos deixavam aparecer as auréolas coloridas que coroavas seus valiosos bustos e encaracolavam os cantos de suas virilhas. Os três jovens imberbes tinham seus corpos cobertos com óleos aromáticos e cobriam os seus membros com uma tanga curta e simples.

[...]

Meu irmão negociou no grupo e conseguiu fechar com Arvina os custos de sua apetitosa mercadoria, fechando em 50 moedas de prata por uma hora de trabalho. A menina morena que tanto gostava de mim pegou minha mão e me levou para o seu cubículo, uma pequena e encardida cabana onde um banquinho e uma cama eram sua única mobília. [...] Ela me levou ao seu ninho de delícias. Fechou as cortinas de serapilheira rasgados que fechavam a porta e me levou para a cama. Com um movimento lento e rítmico, se enrolou no vestido desde as panturrilhas, tirando-o por cima da cabeça, mostrando gradualmente em toda sua plenitude sua sublime nudez. Ela tinha grandes olhos cor de mel e um cabelo ondulado preto caindo em cachos sobre seus seios duros. Baixei meu olhar por um momento e vi como meu membro ereto já se marcava, e manchava, no manto. Lembro-me de suar como um escravo, não pelo calor úmido e intenso do quarto pequeno, mas por estar animado diante o toque iminente de nossos corpos …  E eu ainda estava com medo de não ser suficiente para aquela jovem. Apesar de sua pouca idade, a menina sabia bem o que fazia.

[...]

Quando saí do cubículo, suado, vaidoso e muito mais satisfeitos do que um general durante um Triunfo (a mais alta honraria concedida a um general do Senado depois de uma campanha vitoriosa), me encontrei com meus outros amigos que também confortavelmente haviam alcançado seu objetivo.”



Na Roma Antiga, as prostitutas eram registradas e pagavam impostos, mas deveriam usar uma vestimenta diferente (florida ou transparente) para não serem confundidas com as mulheres “de bem”.


Existiam 8 categorias de prostitutas:

1. Delicatae: eram as prostitutas mais luxuosas, acessíveis apenas aos homens mais ricos e poderosos;

2. Copae: mulheres que trabalhavam em Cauponas, lojas especializadas em servir bebidas como vinhos);

3. Noctilucae: como o nome pode sugerir, eram as prostitutas que trabalhavam apenas à noite;

4. Lupae: estas mulheres prestavam seus serviços nos lupanares;

5. Forariae: elas ficavam em estradas fora das cidades e prestavam seus serviços sobretudo a donos de estabelecimentos rurais;

6. Fornicatrices: mulheres que ficavam disponíveis próximas a pontes, arcos ou edifícios. Aliás, do termo fornix derivou a palavra fornicação (manter relações sexuais com prostitutas);

7. Bustuariae: misteriosas, ficavam próximas aos cemitérios romanos. Tem gosto para tudo, né?;

8. Prostibulae: esta era a prostituta clássica! Exibia-se na rua livremente. Quem quisesse assumir o cargo, deveria obter o registro profissional e, depois de informar seus dados (nome, idade, naturalidade e “nome de guerra”), podiam colocar mãos à obra.



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Fonte: Super Interessante

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